27/05/2009 - O Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) é contra a implantação de prova final nas faculdades de medicina nos moldes do exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). O órgão divulgou uma pesquisa inédita que conclui que o sistema de ensino médico está ruim, mas testar os recém-formados de forma simplificada, após a conclusão do curso, não funcionaria.
“Os advogados ainda podem trabalhar enquanto não passam na Ordem, mas os médicos ficariam sem ocupação profissional. Qualquer erro em medicina implica em conseqüências graves porque estamos falando em vidas humanas”, considerou o conselheiro regional do Cremesp, Alfredo Rafael Dell’Aringa.
De acordo com Dell’Aringa, após a conclusão da pesquisa, é preciso discutir seriamente uma maneira eficaz de avaliar os estudantes e a qualidade do ensino oferecido. A Associação Brasileira de Escola Médica, assim como o MEC (Ministério da Educação), os acadêmicos e as faculdades precisam estar inseridos na discussão.
O médico defende que é essencial chegar a um denominador comum que não seja impedido de ser colocado em prática por interesses políticos e financeiros. “O sistema de ensino em medicina não está bom, mas todo ensino no Brasil sofreu grande decadência nos últimos anos, desde o básico. Não há um só culpado. O órgão fiscalizador tem responsabilidade (MEC) sobre isso, mas também o aluno que escolhe uma faculdade ruim, a faculdade, por oferecer um ensino precário, e assim por diante”, disse.
Dell’Aringa questionou o formato de avaliação anual em medicina, feita pela própria faculdade onde o aluno está inserido. Segundo ele, pelos resultados da pesquisa, realizada com ex-acadêmicos, obviamente esses exames não estão sendo eficazes, caso contrário, o estudante sem conhecimento satisfatório não chegaria a se formar.
A pesquisa divulgada na última semana pelo Cremesp refere-se a 2008, mas vem sendo realizada com egressos das faculdades de medicina de São Paulo desde 2005.
A prova do ano passado, sempre de adesão opcional, reprovou um percentual de 61% dos participantes, o dobro do ano anterior. Segundo a última edição da pesquisa novo estudo, 76% disseram que os cursos poderiam ser “um pouco ou muito mais exigentes”. Cerca de 40% classificaram as instalações como não adequadas ou não suficientes e um terço avaliou a supervisão dos professores como insuficiente ou inadequada, tanto nas áreas clínicas como de laboratório.
Os estudantes ainda relataram aulas com grande número de alunos nas salas e cerca de um terço apontou materiais desatualizados nos laboratórios. Por fim, 66% deles disseram estudar em escolas com bibliotecas que não tinham acervo adequadamente atualizado. Outro problema destacado foi a falta de integração entre as disciplinas.
Fonte: Jornal da Manhã
Notícia disponibilizada no Portal www.cmconsultoria.com.br às 08:21 hs.
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