sábado, 28 de fevereiro de 2009

SELEÇÃO DE MONITORES PARA O PET SAÚDE

Aos estudantes dos períodos III ao IX:
segue em anexo o edital para seleção de monitores bolsistas para o PET Saúde.
Serão ao todo, 27 vagas para alunos de Medicina.
O prazo de inscrição vai até o dia 03 de março.
As bibliografias sugeridas podem ser baixadas da internet ou solicitadas junto à secretaria da coordenação, por email, com exceção do projeto do PET-Saúde, que segue no mesmo arquivo em anexo, na sequencia do Edital.
Espero que participem.
Boa sorte
George Dantas
Coordenador do curso


Links das referências bibliográficas e edital, caso alguém ainda não tenha conseguido baixar:
http://www.4shared.com/file/89913657/f8c316d1/Edital_selecao_pet_saude.html
http://www.4shared.com/file/89905894/dfea5301/politica_nacional_de_ateno_bsica.html
http://www.4shared.com/file/89906014/b95275f/portariaINTERMINISTERIAL-1802-26agosto2008-PET-Saude.html
http://www.4shared.com/file/89907256/3acf307c/pro_saude1.html

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Crise na saúde atinge infectologia

Sob autorização do autor, publicamos carta-aberta da Sociedade Riograndense do Norte de Infectologia, conforme a recebemos.


"Sociedade Riograndense do Norte de Infectologia
Federada da Sociedade Brasileira de Infectologia

Carta aberta à sociedade. Natal, 09 de fevereiro de 2009.

Venho por meio desta, externar minha preocupação frente a uma possível nova epidemia de Dengue devido ao inicio das chuvas no ano corrente. Da mesma forma que os pediatras, que vivem exclusivamente do trabalho intelectual, onde não há vínculos com procedimentos ou máquinas e, portanto, são mal remunerados, os infectologistas estão ausentando-se das atividades médicas.
Ontem recebi a noticias de mais uma profissional, de grande qualidade, que fecha seu consultório devido à desvalorização da especialidade. Consultas em valores de R$ 30 a R$ 40 reais, pagos pelos planos de saúde com direito a retorno, quantos forem necessários num período de um mês, fato que é o nosso dia a dia, pois lhe damos com doenças agudas e que necessitam de acompanhamento diário, como uma infecção urinária das que matou recentemente uma modelo, fazem com que paguemos para trabalhar. Um bom profissional da infectologia passa cerca de 40 min a uma hora com seus pacientes de primeira vez. Como eles retornam no dia seguinte, caso não tenha tido melhora, são mais cerca de 30 a 40 min de reavaliação pagos ainda pela consulta anterior e assim sucessivamente até a resolução.
Portanto, se eu atendo uma paciente por 2 a 3 vezes e seu caso teve resolução, cada consulta fica pelo valor bruto de R$ 10,00 em média. Se retirado os valores de ISS, IRPF, taxa de aluguel de sala fica quase nada por paciente. Imagine se preciso ver o paciente por mais vezes.
Essa conta leva a três caminhos. O primeiro leva com que os clínicos atendam a vários pacientes, para ter algum retorno financeiro, em tempo de 15 min, converse pouco, peça muitos exames, gerem custos para o serviço e tenha um imenso risco de errar o diagnostico e o paciente agravar. Outro caminho é ele descobrir que paga trabalhar e deixar a parte clinica, buscando outras formas de melhor remuneração como auditorias, plantões exaustivos ou até mesmo outras profissões. Na ultima forma, essa inadmissível, é buscar formas espúrias, como obter vantagens em relações com laboratórios ou industrias farmacêuticas.
Especialidades como pediatria e infectologia não atraem mais os estudantes, até porque, por suas características, não possibilita nem a formação de cooperativa de especialidade que tenha força de pressão. Em sendo clínicos do serviço publico e por não realizarem procedimentos, não possuem uma cooperativa que os permita exonera-se do serviço publico. Para dar um exemplo da atual realidade, das três vagas para o curso de especialização em Infectologia da UFRN em 2009, apenas uma foi preenchida, embora a disciplina de infectologia da UFRN já tenha sido avaliada, pelos próprios alunos, como a melhor do curso médico.
Medicina de sacerdócio está indo a óbito. Valores pagos aos médicos levam a se buscar a medicina do negócio. Devido às remunerações aviltantes do serviço público e valorização dos procedimentos em relação a consultas é que muitos éticos estão abandonando o barco e os nem tanto buscam a ilicitude. Desta forma a assistência a saúde trilha pelo caminho da valorização da maquina em relação à conversa, ao olhar, ao respeito, ao interesse pelo bem estar do outro, a volta do sorriso. Hoje temos apenas cerca de 10 a 15 infectologistas para atender toda a demanda de serviço privado de mais de 150 mil usuários. Por outro lado, no Hospital Giselda Trigueiro as escalas em quase todos os setores estão desfalcadas e há muitos profissionais não infectologistas cobrindo o plantão no pronto socorro, pois há mais de 10 anos não tínhamos concurso. No ultimo, das 15 vagas disponíveis, apenas 12 foram preenchidas e apenas metade destes deverão assumir.
Com a chegada das chuvas, mais uma epidemia de Dengue se desenha. O risco de outra grande epidemia com a chegada do vírus tipo 4, pode ocorrer a qualquer instante. Febre amarela urbana, Malaria urbana, Gripe aviária, Pandemia de gripe, infecções por bactérias multirresistentes, bioterrorismo com vírus do tipo Varíola são outros riscos constantes e passiveis de ocorrer com proporções imprevisíveis.
Desta forma parece que só resta agora as crianças, que precisem dos pediatras, e a toda a população que necessite de infectologistas para que Deus olhe por todos e que nenhum mal grande aconteça. Aos colegas médicos e a toda a sociedade, acho que chegou a hora de avaliarmos para onde está indo nossa medicina, pois no fim a população é que receberá mais essa fatura, não importa se do SUS ou dos planos de saúde.
Henio Godeiro Lacerda

Presidente da SRNI"

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Pré-Trote Cidadão: Doação de Sangue e Medula 3/3. CB.

Ano novo, vida nova, novos calouros perdidos se batendo pelo CB e pelo CCS procurando pelas coisas... 2009 será ainda melhor que 2008!
E não podíamos deixar de fazer nosso trote, a entrada dos calouros da UFRN tem que ser marcante!
Contrário, ao trote tradicional, o CANECA, juntamente com os CA´s da saúde e com a REDE (Articulação em Saúde) resolveram organizar o “trote” e o “pré-trote” cidadãos, eventos que abordam a questão do trabalho social do profissional em saúde.
Ainda em definição quanto ao local e data do trote cidadão, o pré-trote já está mais que definido. Terça feira, 3 de Março, durante todo o dia, uma unidade móvel do Hemonorte e voluntários do GACC estarão no Centro de Biociências (CB) para realizar a doação de sangue e o cadastramento de doadores de medula. O slogan do pré-trote é: “Você estuda a vida toda pra salvar uma vida. Salve-a agora. Doe sangue. Doe medula.”
Apesar de direcionado a calouros dos cursos de saúde, qualquer pessoa pode – e deve – doar.
Buscamos voluntários para nos ajudar no dia da doação com panfletos. Interessado, envie um e-mail com telefone pra camedufrn@gmail.com

Mas eu posso doar sangue ou medula?
Eis os pré-requisitos para:

&Doação de medula:

*Ter entre 18 e 60 anos;
*Portar RG e CPF.

p.s.: na verdade, “doação de medula” é uma doação de “medula”. Trata-se da retirada de apenas uma seringa de sangue para o cadastramento no banco do hemonorte. Você só doará medula caso encontre alguém compatível. Você só sentirá dor se tiver que salvar uma vida...

&Doação de sangue

*Estejam documentadas (com carteira de identidade ou outro documento equivalente);
*Tenham boas condições de saúde;
*Tenham entre 18 e 60 anos;
*Pesem, no mínimo, 50 quilos;
*Não tenham ingerido bebidas alcóolicas nas 24 horas que antecedem a doação;
*Tenham dormido, pelo menos, seis horas nas últimas 24 horas;
*Não sejam usuários de drogas;
*Não tenham múltiplos parceiros;
*Não tenham doença hematológica, cardíaca, renal, pulmonar, hepática, diabetes, hipertireoidismo, hanseníase, tuberculose, câncer, sangramento anormal ou epilepsia;
*Nunca tenham tido doenças de chagas ou malária;
*Não tenham contraído sífilis, hepatite e não tenham tido contato com o inseto barbeiro.

~Impedimentos temporários
Para não comprometer a saúde, uma pessoa não deve doar sangue se:
*Estiver grávida ou em período de amamentação;
*Tiver feito alguma cirurgia importante há menos de seis meses;
*Tiver realizado um parto normal ou tido um aborto há menos de três meses;
*Tiver feito uma doação há menos de 60 dias, se for homem, ou há menos de 90 dias, se for mulher.

E ai, estende o braço quem pode ajudar o/.

[ptc]

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Movimento estudantil: a caça às bruxas

Muito se fala sobre a postura dos estudantes que fazem movimento estudantil. Culturalmente, devido aos 21 anos de ditadura militar, seguidos da década mais que perdida de 1990, arraigou-se uma concepção errônea sobre a atividade no inconsciente popular, trazendo conseqüências desagradáveis para nossa geração de militantes.
Diante da ameaça do crescimento de outras religiões durante a idade média, a igreja católica, de modo a manter a dominação ideológica sobre a sociedade, criou o mito das bruxas. Denominava-se bruxa toda aquela mulher suspeita de cultuar deuses que não os cristãos, sendo vistas, a partir de então, como a causa de todas as mazelas que acometiam a comunidade em que viviam, pois Deus castigava a todos por causa do culto “pagão” de alguns poucos.
A carga ideológica, a endemonização do não-cristão, o mito da bruxa criado pela igreja foi tão pesado que, em dado momento, não foi mais necessário que ela perseguisse aqueles que não cultuassem os deuses cristãos. A própria sociedade enraizou em seu inconsciente coletivo esse pensamento, perseguindo e levando às autoridades religiosas aquelas que eles suspeitavam de cultuar outros deuses, matando, com isso, milhares de inocentes e provocando verdadeiro genocídio cultural.
Toda boa vontade estava presente na sociedade medieval quando tentava se livrar de tais bruxas. Em sua inocente mentalidade, manipulada pela igreja, temerosa de ver seu poder ameaçado por outros credos, combateram fortemente aquelas pobres criaturas com a esperança de livrar de suas comunidades o mal que, aparentemente, advinha da existência delas. O problema é que, sem elas, as mazelas não desapareciam...
“Filho, só vou lhe dar um conselho. Não se meta com esse negócio de movimento estudantil. Se preocupe com seus estudos.” Meu pai não foi definitivamente o autor dessa frase, dita e redita por diversos pais pelo país afora. Sim nossos pais são vítimas e não têm culpa de darem esse tipo de conselho. Não foi a toa que a ditadura militar baniu do currículo regular as aulas de sociologia, filosofia e antropologia. Tais ciências, ministradas desde cedo, têm a capacidade criar uma consciência social crítica, uma preocupação por parte do indivíduo com a sociedade e a visualização de seu papel individual enquanto agente social. A ausência delas, no entanto, substituídas então por “Estudos Sociais” e “Moral e Cívica”, causaram na maioria de nossos pais uma modificação em sua consciência social, reiterou o conceito individualista de que “melhor mesmo é cuidar da minha vida”.
Pior que isso, a ditadura, ao enxergar o movimento estudantil como uma enorme pedra no seu caminho, tratou de realizar uma verdadeira caça às bruxas pós-moderna. Não se contentou em torná-lo ilegal, como também tratou de “endemonizar” no inconsciente popular o estudante que faz movimento estudantil. É praticamente unânime no senso comum que quem faz movimento estudantil não estuda, é vagabundo, é estudante frustrado, é revoltado etc, etc, numa falácia preconceituosa tão medieval quanto pensar que a existência de adoradores de deuses não cristãos era a causa das mazelas sociais. Pelo contrário, além de ser um instrumento de evolução da sociedade, o movimento estudantil é produtor de médicos diferenciais e mais qualificados, suprindo sérias deficiências existentes em nosso currículo.

I. O movimento estudantil e a formação de médicos diferenciais

Aquele estudante que não teve aulas das ciências sociais desde sua formação básica, formando-se, assim, nessa concepção individualista e desumana – uma vez que foge à natureza do ser humano, essencialmente social - obviamente não terá disposição para estudar sociologia e antropologia na faculdade, criando toda uma geração de profissionais individualistas e dificilmente humanizados.
Em virtude disso, o currículo médico de diversas escolas nem se quer tem tais disciplinas e, quando existem, elas são tão desprezadas por alunos e até pelos professores – formados desde cedo nessa perspectiva individualista – que se tornam um absoluto desprazer ao estudante. O professor finge que ensina uma sociologia “aplicada” a medicina e o aluno finge que desenvolve sua consciência social.
Preocupado com os currículos médicos e com a baixa qualidade dos profissionais formados, muitas vezes desumanos, o MEC lançou as diretrizes curriculares para os cursos de medicina de todo o país. Segundo tais diretrizes, os cursos e faculdades de medicina devem formar profissionais com as seguintes competências:
• Atenção à saúde: O médico recém-egresso deve estar apto a desempenhar atividades de promoção, prevenção, proteção e reabilitação em saúde.
• Tomada de decisões: O trabalho do médico deve estar fundamentado na capacidade de tomar decisões, visando uso apropriado, eficaz e custo-efetivo daquilo de que dispõe.
• Comunicação: O médico recém-egresso deve saber comunicar-se com os pacientes, com os profissionais de saúde e com o público em geral, o que envolve comunicação verbal e não verbal.
• Liderança: no trabalho multiprofissional, os profissionais de saúde devem estar aptos a exercer posições de liderança, sempre tendo em vista o bem-estar da comunidade. A liderança envolve compromisso, responsabilidade, empatia, habilidade para tomar decisões, comunicação e gerenciamento de forma efetiva e eficaz.
• Administração e gerenciamento: o profissional deve estar apto a tomar iniciativa, realizar gerenciamento e administração daquilo que dispõe, do mesmo modo que deve esta apto a ser empreendedor, gestor, empregador ou liderança na equipe de saúde.
• Educação permanente: os profissionais devem ser capazes de aprender continuamente, buscando o conhecimento de que necessitam.


Em síntese, é isso que a sociedade espera do profissional médico. Devemos iniciar o desenvolvimento dessas habilidades na universidade, saindo dela com uma base mínima necessária para o bom exercício da medicina. [Ou você queria que rapadura fosse doce e mole?!].
Pois bem, observemos o currículo de nossa escola e meditemos: que disciplinas de nosso curso nos ajuda a desenvolver as habilidades de:

*Tomada de decisões: [ Tomamos decisões! Letra a), b), c) ou d). Cuidado, se errar, fica de recuperação e mandamos um bilhetinho pros pais!]
*Comunicação: [Nos comunicamos de modo avançadíssimo! “Entendeu turma?” Nem respondemos! Nos ensinam telepatia no curso médico!]
*Liderança: [Desenvolvemos nossa capacidade de liderança. “Galera, vou fazer a votação da camisa da turma. Azul-bebê, ou azul-celeste?!”]
*Administração e gerenciamento: ]“E agora, uso esse dinheiro pra lanchar ou pra bater xérox do medcurso?”]

E não podia ser diferente. Aos nossos professores não foram ensinadas tais habilidades, como queremos que eles nos ensinem? Assim como não podemos culpar nossos pais por fazerem caça as bruxas ao movimento estudantil, não podemos culpar nossos professores por não nos ensinarem uma medicina mais humana e holística. E que alternativa temos pra nos formarmos médicos diferenciados? Diversas. O mais importante é que busquemos por fora aquilo que nosso currículo não nos oferece, formando-nos enquanto profissionais diferenciais.
E uma das alternativas que encontramos para isso é o movimento estudantil. Sim, os CA´s e DA´s tem papel importantíssimo na formação de médicos diferenciais, Além de exercer uma função social histórica, o movimento estudantil definitivamente nos ajuda a desenvolver nossas habilidades de Lideranças, Comunicação, Administração e Gerenciamento, Tomada de Decisões e também da Educação Continuada pois, uma vez que tomamos consciência que o curso médico por si só não nos formará médicos de qualidade, passamos a correr atrás de nosso próprio conhecimento, quebrando com a postura passiva que nos impõe a sala de aula.
Existem, é verdade, exceções: há aqueles estudantes que vêem no movimento estudantil um escapismo, uma fuga da realidade, deixando de fato de estudar, muitas vezes numa ação inconsciente, pra fazer atividades do CA; mas maior ainda é o número daqueles que deixam de estudar pra assistir ao Big Brother. Por isso, é tão justo generalizar que quem faz movimento estudantil é vagabundo quanto afirmar que todo árabe é mulçumano e que todo mulçumano é terrorista.

[PTC]