segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A Associação Nacional dos Médicos Residentes (ANMR) divulga carta

Desde março, a ANMR está trabalhando para que os projetos de lei da residência médica sejam aprovados, e vem negociando diretamente com o governo os reajustes necessários e a garantia dos benefícios. Após 4 longos meses de negociações sem avanços (prazo este que nunca existiu em greves anteriores), o governo, em reuniões dos dias 13 de maio e 4 e 13 de agosto, ofereceu a mesma proposta de 17%, negando o auxílio-moradia e a 13ª bolsa e criando um grupo de trabalho interministerial, que a princípio teria um prazo de 90 dias para debater o fomento e investimento da bolsa.

Com a greve, em seu primeiro dia, a proposta de 17% foi reapresentada com o valor de 20%, e posteriormente o grupo de trabalho, antes de 90 dias, passou a ser permanente. Cientes dessas conquistas e da formação inédita desse grupo de trabalho (certamente uma conquista histórica e de grande importância), esta proposta foi negada por unanimidade em todas as assembleias. Temos certeza que já conseguimos vitórias expressivas, como temos convicção que, apesar da tentativa do governo e gestores de maquiar a realidade, não somos pós-graduandos comuns; contribuímos de maneira fundamental para o atendimento da população e para o faturamento de diversos hospitais. Por tudo isso, devemos ser devidamente valorizados.

Dia 23 de agosto, após uma semana de greve, o governo refez a mesma proposta negada pelas assembleias, solicitando uma contraproposta para as negociações avançarem. Foi convocada a reunião da Comissão Nacional de Greve e, após deliberação deste grupo, foi elaborada uma proposta de 28,7% de reajuste imediato + 10% para o próximo ano, com a inclusão dos seguintes itens na pauta do Grupo de Trabalho Interministerial: auxílio-moradia e alimentação, 13º bolsa, reajuste residual para setembro no próximo ano e remuneração dos preceptores. Essa proposta foi apresentada dia 26 de agosto na tentativa de mostrar flexibilidade por parte dos residentes em resolver o impasse. Flexibilidade essa não demonstrada pelos responsáveis do governo, que mantiveram a mesma proposta do dia 23 de agosto.

A ANMR não foi intransigente em nenhum momento durante as negociações, porém seremos intransigentes na defesa do que for definido pela maioria das assembleias estaduais. A greve só terminará por decisão de todos os médicos residentes. Enquanto isso, a ANMR continuará se dedicando integralmente à luta pelas decisões das plenária e a auxiliar os residentes contra atitudes deploráveis daqueles que desejam acabar com a greve na base da força, e não da negociação.

Colocando em perspectiva a pauta da ANMR e a contraproposta do governo, vale resgatar o histórico recente das últimas duas greves dos residentes. Em 2001, a paralisação durou 40 dias e o reajuste foi de 35%, com o valor bruto da bolsa passando de R$ 1.081 para R$ 1.459. Em 2006, a paralisação durou 32 dias e a correção foi de aproximadamente 30%, elevando a bolsa de R$ 1.459 para R$ 1.916,45 (valor bruto, sem desconto de INSS e Imposto de Renda). O que pedimos este ano está no mesmo patamar dos anos anteriores, e não é aumento real e sim reposição das perdas inflacionárias

Pela trajetória das greves anteriores e cientes de que o impacto financeiro do aumento da bolsa é dividido entre diversas esferas do governo, temos certeza de que o reajuste e os demais pontos da pauta serão alcançados, se estivermos unidos.

Infelizmente, tem havido várias tentativas de desmobilizar e enfraquecer nosso movimento: pressão de preceptores, ameaças de gestores, críticas infundadas ao movimento, tentativas de divisão do movimento e distorções das reivindicações. Recebemos mais de 300 denúncias desde o começo da greve, que serão encaminhadas à CNRM e às CRMs, para avaliação e medidas necessárias. DENUNCIE: denuncia@anmr.org. Continuaremos com assessoria jurídica se precisarmos, para atitudes mais incisivas.

É imprescindível a adesão de 100% dos residentes. As greves anteriores só obtiveram sucesso pois mostraram a todo o País quanto os residentes são indispensáveis. Mesmo essa paralisação sendo a maior e mais organizada dos últimos anos, é necessário nos unirmos ainda mais, intensificando nesta semana nossas atividades, conforme orientação das assembleias da última sexta-feira. Não cederemos às tentativas espúrias de acabar com nosso legítimo e justo movimento paredista.

Médicos residentes mantenham a força, que estamos todos juntos nessa luta. RESIDENTE É MÉDICO e precisa ser valorizado.

Fonte : ANMR

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